Salete acordou estranha: angústia, insegurança, choro preso entre a garganta e o tórax. Olhou o calendário. “Eu sabia!” Sentiu de cara que sua velha conhecida TPM veio com todo gás daquela vez. Preferiu prevenir logo o Otávio, e foi lá pelo final do almoço que ela começou.
- Amor, sabe qual mágica eu queria fazer?
- Não. Qual? – pergunta o marido sem o menor interesse.
- Queria que você tivesse pelo menos 24 horas de TPM.
- Agora, ...deu! Tu quer fazer uma mágica pra me lascar?
- Não é não, amor! Eu só queria que você sentisse o quanto eu fico desorientada, pirada, doidinha nesses dias.
Ela olhou o tempo e continuou a análise.
- Acho que só assim você pode ser mais solidário, compreender de verdade minha disfunção.
- Salete, eu reclamo da tua TPM?
- Não.
- Eu brigo porque você está descompensada?
- Não... – respondeu com olhos baixos e a voz quase miando.
- Então, porque eu precisaria sentir na pele teus problemas hormonais? Eu já te respeito com ou sem TPM.
- Tá bom. Não faço mais a mágica, – decretou, com um bico de decepção – mas já vou avisando que eu não estou bem hoje.
Segundos de silêncio. Salete adiantou-se em devorar a sobremesa. Otávio pediu o café e depois de bicar um primeiro gole puxou assunto.
- Vou fazer hoje à noite aquele reparo no encanamento.
- Ãh? Você mesmo vai fazer?
- Claro. Já sei até qual o problema.
- Ah, sabe? E descobriu como? Você não é encanador. O vazamento está terrível, já atravessa a parede. Não é melhor chamar um profissional?
- Para quê chamar alguém? Eu sei fazer. Tenho as ferramentas. Faço num instante.
- Otávio, isso não vai dar certo. Você é médico, não encanador! E se piorar? – e quase sem paciência, quis deixar a história mais prática - Eu não vou deixar! Vou ligar para alguém que sabe fazer e mando ir lá em casa amanhã.
O marido bebeu num gole só o restante do café quente, e com a língua reclamando da temperatura resolveu pôr um fim àquela conversa sem futuro.
- Você não precisa ligar para ninguém, porque eu já disse que vou fazer.
A essa altura Salete já nem lembrava do mousse de chocolate. O choro havia saído da garganta para algum lugar entre o nariz e o céu da boca. E para não desabar de raiva na frente de Otávio, pegou a bolsa e levantou-se.
- Quer saber? Faça o que você quiser! Eu desisto. – e virou-se de costas.
- Ei! Vai embora assim?
- Vou. Até mais tarde.
- Se for assim é melhor nem voltar mais! – desafiou.
Dessa vez ela nem se deu ao trabalho de olhar para trás. Atravessou aos prantos a praça de alimentação.
- Amor, sabe qual mágica eu queria fazer?
- Não. Qual? – pergunta o marido sem o menor interesse.
- Queria que você tivesse pelo menos 24 horas de TPM.
- Agora, ...deu! Tu quer fazer uma mágica pra me lascar?
- Não é não, amor! Eu só queria que você sentisse o quanto eu fico desorientada, pirada, doidinha nesses dias.
Ela olhou o tempo e continuou a análise.
- Acho que só assim você pode ser mais solidário, compreender de verdade minha disfunção.
- Salete, eu reclamo da tua TPM?
- Não.
- Eu brigo porque você está descompensada?
- Não... – respondeu com olhos baixos e a voz quase miando.
- Então, porque eu precisaria sentir na pele teus problemas hormonais? Eu já te respeito com ou sem TPM.
- Tá bom. Não faço mais a mágica, – decretou, com um bico de decepção – mas já vou avisando que eu não estou bem hoje.
Segundos de silêncio. Salete adiantou-se em devorar a sobremesa. Otávio pediu o café e depois de bicar um primeiro gole puxou assunto.
- Vou fazer hoje à noite aquele reparo no encanamento.
- Ãh? Você mesmo vai fazer?
- Claro. Já sei até qual o problema.
- Ah, sabe? E descobriu como? Você não é encanador. O vazamento está terrível, já atravessa a parede. Não é melhor chamar um profissional?
- Para quê chamar alguém? Eu sei fazer. Tenho as ferramentas. Faço num instante.
- Otávio, isso não vai dar certo. Você é médico, não encanador! E se piorar? – e quase sem paciência, quis deixar a história mais prática - Eu não vou deixar! Vou ligar para alguém que sabe fazer e mando ir lá em casa amanhã.
O marido bebeu num gole só o restante do café quente, e com a língua reclamando da temperatura resolveu pôr um fim àquela conversa sem futuro.
- Você não precisa ligar para ninguém, porque eu já disse que vou fazer.
A essa altura Salete já nem lembrava do mousse de chocolate. O choro havia saído da garganta para algum lugar entre o nariz e o céu da boca. E para não desabar de raiva na frente de Otávio, pegou a bolsa e levantou-se.
- Quer saber? Faça o que você quiser! Eu desisto. – e virou-se de costas.
- Ei! Vai embora assim?
- Vou. Até mais tarde.
- Se for assim é melhor nem voltar mais! – desafiou.
Dessa vez ela nem se deu ao trabalho de olhar para trás. Atravessou aos prantos a praça de alimentação.
“Eu falei para aquele insensível, sem coração, que eu não estou bem... eu não estou legal... Mas ele não se importa. Ele sempre sabe fazer tudo. É o melhor em tudo! Eu é que sou a louca, a inútil. Agora quer que eu nem volte pra casa! Volto sim! Ele faça o que quiser. Fure todos os canos. Eu é que não digo mais nada! Ingrato”.
15 minutos depois...
- Alô.
- Amor?
- Oi... Você tá mais calminha, tá?
- Tô sim... Mas não briga comigo mais não...
- A gente brigou foi? Nem percebi.
- Amor?
- Oi... Você tá mais calminha, tá?
- Tô sim... Mas não briga comigo mais não...
- A gente brigou foi? Nem percebi.
Naquela noite dormiram em paz. Os pratos sujos sobre a pia.
3 comentários:
Acho que os homens deveriam ter o DIREITO de ficar com TPM uma vez na vida. É muito fácil botar nela a culpa pelos chiliques. :)
Mack.
Esse negócio de TPM pra mim... chega a ser algo tão espetacular quanto a existência de vampiros... lobisomens e sacis-pererê.
Eu já li em algum lugar que "leite" é um bom remédio para isso.
Acalma as feras... rs.
Sendo assim.
Vou criar vacas no meu quintal... rs.
Estocar leite puro.
Fazia tempo que eu não aparecia.
Estou de volta.
Abração.
Ximenes, tô muito feliz com sua volta ao blog. Seja bem vindo (de novo) e não suma mais!
Quanto ao leite, pode até servir para a Salete, mas para mim não dá, porque tenho intolerância à lactose.
.......
Dante, concordo totalmente com você. TPM é quase como estar bêbado. Você sabe que está acontecendo, mas não pode controlar na hora, tem que esperar a cachaça passar e ainda aguentar a ressaca. Uma pena que os homens percam essa sensação tão incrível!
Beijos!
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