23 fevereiro, 2006

De volta

Algumas coisas nos param e outras nos levam.

O amor mesmo - aquele de águas mansas - me pára.
Com ele eu só quero o ócio de planar num peito aconchegante, a dormência do repouso das pernas em outras pernas, uma fungada com cheiro amadeirado e o leve entrelace de dedos pra se fazer um só.
Com ele vivo uma dança mágica de olhos e corpos, embalada por uma música que mais ninguém ouve.
O amor me pára e me tranquiliza em momentos que queria eternizar, porque neles nada mais me falta e de nada preciso.

Já a paixão - quando a alma joga confetes e se deixa levar como num torpor de lança-perfume - me leva longe.
Seu fogo me leva às palavras, aos berros, à exibição. Seu movimento cansa o corpo, sua a pele, inquieta até o silêncio nostálgico de tempos de paz.
Me leva à busca, ao cansaço, à persistência, às lágrimas e saltos. E depois, me deixa o tédio da solidão real, consumada. Porque paixão é Carnaval: alegra, enfeita, encanta, cansa e acaba.

Quero a fórmula mágica de um amor que também me leve, me carregando cuidadoso rumo à plenitude, aos versos, à novas canções.
Quero que esse amor me renove, sem esquecer que sou feita de paixão.

............................................

Ao amor que me leva longe!