Sou uma pessoa feliz por vários motivos. Um deles é a sorte de ter encontrado tantos irmãos e irmãs ao longo de minha curta estrada. Os nomes nem vêm ao caso, porque todos sabem que o são, mas hoje preciso citar alguns deles para contar essa história. Marcelle, minha irmã de carne; Mainha, que me pariu por mera circunstância do destino; Riva, o amor que me esteia e fortalece; e Adriana, a louca mais divertida do mundo. Foi ela quem me entregou essa semana um CD cheio de fotos do nosso carnaval. Fotos que nem precisam de legenda, mas merecem.
Por ter vivido um carnaval atípico, acabei ficando ansiosa demais para o único dia em que poderia brincar: o dia dos Amantes de Glória. Preparei a fantasia, os adereços, finalizei os detalhes. Saímos de casa no maior alto astral, com um litro de vodka embaixo do braço e muito a fim de ficar sem noção.
Chegamos tarde na Rua da Guia - local da concentração - por isso nos adiantamos em “iniciar os trabalhos”, e não ficar para trás de quem já havia começado há duas horas. Vodka, gelo, refrigerante. Mistura, distribui, vira.
- Põe logo outro, que tô com sede!
- Lá vai...
- Agora sim! Corre que o bloco tá saindo!
- ‘Simbora!
Não tínhamos dinheiro para pôr o bloco na rua esse ano. Na verdade, mal conseguimos pagar a orquestra. Mas deu certo e lá estávamos nós e a galera do Maestro Mendes juntos novamente, em mais uma segunda-feira. Os amigos, as fantasias, o estandarte cujo talabarte sempre quebra no meio do desfile, os filhos, os pais, aquele rastro verde invadindo as ruas apertadas do Recife Antigo, cavando espaço onde não cabe mais nada, mudando de plano em cada esquina e alterando o percurso. Uma alegria que só quem é de Glória reconhece e ama.
Foi em êxtase de amor, felicidade e realização que sorvi como quem bebe a vida cada gota que passava pelo meu copo e depois, pela minha vista. Não sei de onde partiu a idéia genial, mas resolvi beber tudo de todos, especialmente da garrafa que transpirava de tão gelada nas mãos de meu amigo Giba. Era whisky e eu nem gosto de whisky. Mas desejava aquele como nunca desejei outro.
E foi bem no meio da Rua Bom Jesus, entre tropeções, pulos e o hino dos Amantes, que consegui driblar a resistência do dono da garrafa e tomá-la. Bebi com gosto, uma, duas, três vezes, sei lá. Depois devolvi o prêmio a quem pertencia, virei de costas e segui o fluxo.
Àquela altura o bloco atingiu a perfeição. O verde das camisas estava mais vivo e quando eu pulava, ganhava novos tons, misturados com branco e um pouco de rosa. Então, me mexi muito, dei voltas em torno de mim mesma sem parar, braços abertos. Bem rápido, e mais rápido... Essa é minha última lembrança da segunda-feira. Uma visão pessoal e indescritível: o carnaval mais fantástico e inacreditável do mundo!!!
Depois disso, algumas breves palavras: Acorda. Samu. Coca cola. Banho. Ai, que frio! Quando acordei na terça-feira, roupa trocada, banho tomado, deitada na minha cama, olhei para Riva e tive medo de perguntar. Ele falou primeiro:
Por ter vivido um carnaval atípico, acabei ficando ansiosa demais para o único dia em que poderia brincar: o dia dos Amantes de Glória. Preparei a fantasia, os adereços, finalizei os detalhes. Saímos de casa no maior alto astral, com um litro de vodka embaixo do braço e muito a fim de ficar sem noção.
Chegamos tarde na Rua da Guia - local da concentração - por isso nos adiantamos em “iniciar os trabalhos”, e não ficar para trás de quem já havia começado há duas horas. Vodka, gelo, refrigerante. Mistura, distribui, vira.
- Põe logo outro, que tô com sede!
- Lá vai...
- Agora sim! Corre que o bloco tá saindo!
- ‘Simbora!
Não tínhamos dinheiro para pôr o bloco na rua esse ano. Na verdade, mal conseguimos pagar a orquestra. Mas deu certo e lá estávamos nós e a galera do Maestro Mendes juntos novamente, em mais uma segunda-feira. Os amigos, as fantasias, o estandarte cujo talabarte sempre quebra no meio do desfile, os filhos, os pais, aquele rastro verde invadindo as ruas apertadas do Recife Antigo, cavando espaço onde não cabe mais nada, mudando de plano em cada esquina e alterando o percurso. Uma alegria que só quem é de Glória reconhece e ama.
Foi em êxtase de amor, felicidade e realização que sorvi como quem bebe a vida cada gota que passava pelo meu copo e depois, pela minha vista. Não sei de onde partiu a idéia genial, mas resolvi beber tudo de todos, especialmente da garrafa que transpirava de tão gelada nas mãos de meu amigo Giba. Era whisky e eu nem gosto de whisky. Mas desejava aquele como nunca desejei outro.
E foi bem no meio da Rua Bom Jesus, entre tropeções, pulos e o hino dos Amantes, que consegui driblar a resistência do dono da garrafa e tomá-la. Bebi com gosto, uma, duas, três vezes, sei lá. Depois devolvi o prêmio a quem pertencia, virei de costas e segui o fluxo.
Àquela altura o bloco atingiu a perfeição. O verde das camisas estava mais vivo e quando eu pulava, ganhava novos tons, misturados com branco e um pouco de rosa. Então, me mexi muito, dei voltas em torno de mim mesma sem parar, braços abertos. Bem rápido, e mais rápido... Essa é minha última lembrança da segunda-feira. Uma visão pessoal e indescritível: o carnaval mais fantástico e inacreditável do mundo!!!
Depois disso, algumas breves palavras: Acorda. Samu. Coca cola. Banho. Ai, que frio! Quando acordei na terça-feira, roupa trocada, banho tomado, deitada na minha cama, olhei para Riva e tive medo de perguntar. Ele falou primeiro:
- Você tá melhor?
- Tô enjoada e tonta. A gente perdeu o carnaval, não foi?
Ele sorriu e não respondeu. As ligações foram chegando e o quebra cabeça do meu apagão foi montado. Eu desliguei logo depois da tal “rodada fantástica”, vomitei até a alma, e só voltei para casa carregada por Riva e Fábio, namorado de Adriana. Um espetáculo vergonhoso, mas devidamente registrado por esses mui amigos que, apesar da situação, tentavam me reanimar e me transportar com o maior bom humor.
O resto do dia foi de moleza no corpo, distonia, um tremor interno, tontura, dor, muita dor. Mas a ressaca física seria uma bobagem se viesse sozinha. Meu porre me deixou um presente bem pior: a ressaca moral de ter acabado com a festa das pessoas que mais amo. Com o único dia de carnaval de minha mãe, com o show de Alcione que Marcelle não viu, e o da Mangueira, tão esperado por todos (especialmente por Adriana, que deixou de ir ao desfile no Rio para assistir à Velha Guarda comigo, no Marco Zero).
Superei o mal estar e fui ao Mister Chin tentar ser útil. Corpo resolvido. Restava curar a alma, ainda doente de tanta culpa. E por isso esse post é para todos que estavam ao meu lado quando nem eu estava. Porque, diferente do que eu merecia, não tiveram mais clima de ir à farra depois de me verem desmaiada e ainda conseguiram sorrir aliviados quando me viram no dia seguinte.
- Que bom que tu está de volta... Pensei que ia te perder para sempre.
- Desculpa, gente, nunca mais faço isso!
Promessa é dívida.
- Tô enjoada e tonta. A gente perdeu o carnaval, não foi?
Ele sorriu e não respondeu. As ligações foram chegando e o quebra cabeça do meu apagão foi montado. Eu desliguei logo depois da tal “rodada fantástica”, vomitei até a alma, e só voltei para casa carregada por Riva e Fábio, namorado de Adriana. Um espetáculo vergonhoso, mas devidamente registrado por esses mui amigos que, apesar da situação, tentavam me reanimar e me transportar com o maior bom humor.
O resto do dia foi de moleza no corpo, distonia, um tremor interno, tontura, dor, muita dor. Mas a ressaca física seria uma bobagem se viesse sozinha. Meu porre me deixou um presente bem pior: a ressaca moral de ter acabado com a festa das pessoas que mais amo. Com o único dia de carnaval de minha mãe, com o show de Alcione que Marcelle não viu, e o da Mangueira, tão esperado por todos (especialmente por Adriana, que deixou de ir ao desfile no Rio para assistir à Velha Guarda comigo, no Marco Zero).
Superei o mal estar e fui ao Mister Chin tentar ser útil. Corpo resolvido. Restava curar a alma, ainda doente de tanta culpa. E por isso esse post é para todos que estavam ao meu lado quando nem eu estava. Porque, diferente do que eu merecia, não tiveram mais clima de ir à farra depois de me verem desmaiada e ainda conseguiram sorrir aliviados quando me viram no dia seguinte.
- Que bom que tu está de volta... Pensei que ia te perder para sempre.
- Desculpa, gente, nunca mais faço isso!
Promessa é dívida.
6 comentários:
lindona! qtas saudadessss! queria ter estado contigo nesse porre inesquecível! e na inaguração do Mr. Chin. e na (quase) desistência da carreira de empreendedora.
qtas saudades! qtas saudades!!!
bjossssssss
Tenho medo de beber com seus amigos... :)
Eu não comento,mas leio o seu blog e sempre que venho aqui não há como ficar contagiada com toda sua alegria e vontade de viver!
beijos.
minha amiga intensa da ponta dos cabelos à alma.
tudo aqui é isso mesmo.
vejo vc quietinha, dizendo pra mim que é tão bom ficar sem beber e penso quando será tua próxima aventura sem fronteiras.
beijo!
Adriana! Visite-me sim, porque sempre que dá passo na tua casa e na de Léo só pela alegria de acompanhar essa história de amor... ai, ai... adoro romances...
Gê, minha lindaaaaa!!!!
Espero que a próxima aventura não esteja tão próxima assim. Tô curtindo muito a vida sóbria. Vendo tudo dentro dos limites dos olhos.
Beijo já quebrado de saudade...
Eu até deixo voce beber denovo, mas contanto que não seja nada que venha da mão de Giba tudo bem....mas nunca mais, nunca mais mesmo viu faça isso, porque tive medo...
Xêros
Te Amo!!!
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