06 fevereiro, 2008

Anotações de quarta-feira



Foi na sexta-feira, depois do Lili e já perto de voltar para casa que dei de cara com ele. Estava misturado a tantos outros, uns 50 talvez, e eram tão parecidos que nem sei como nosso encontro aconteceu. Só sei que ele foi o primeiro que peguei no tabuleiro. Pus na cabeça e pronto, não tirei mais.

Nesse pré-carnaval tão atípico, quando não me dediquei como de costume às fantasias e planejei só a da saída dos Amantes, aquele chapéu cruzar meu caminho na véspera do Sábado de Zé Pereira mais parecia um presente de deuses pagãos. Era colorido, mas tinha a alma verde e rosa, como a minha anda. Sem falar que me dava um ar de "show woman". Com ele na cabeça, me senti algo entre apresentador de circo e Chacrinha, e só queria dizer bem alto e de braços abertos: "respeitável público".

Sim. Ali estava meu novo companheiro
de farra. Precisava perguntar o preço, embora isso nem importasse. Não queria negociar, apenas pagar e oficializar logo que a gente pertencia um ao outro. E foi com um sorriso descarado no rosto que sai desfilando pelo Recife Antigo com o mais lindo adereço que já tive, ansiosa para o dia amanhecer e mostrá-lo a todo mundo.

Cumpri à risca a programação diurna do Carnaval: Olinda de sábado a terça-feira.
Mesmo sem fantasia, criei um look "sem noção" para cada dia, e com o chapéu na cabeça e o espírito de grande estrela da TV comecei mais uma folia de Momo. Riva comigo.















Não enfrentamos nenhuma multidão. Não acompanhamos nenhuma troça e quase não subimos ladeiras. Também não levamos banho de pistola, nem torramos a cabeça sob o sol quente. Ficamos na sombra, ouvimos frevo o dia inteiro, fizemos novos amigos, sorrimos e beijamos muito. Para hidratar, água de coco. Deu tempo até para descansar e jogar paciência nas horas de pouco movimento.

Foi assim nosso Carnaval no Mister Chin, que ainda nos proporcionou a nobre missão de alimentar foliões alegres, famintos e cansados. Um Carnaval
bem diferente dos outros anos. Mas muito, muito bom.

2 comentários:

Dante Accioly disse...

Dei valor ao chapéu!

Germana Accioly disse...

cada um faz o seu carnaval;
a fantasia é um negócio da alma mesmo.
beijo!