01 fevereiro, 2008

Mr. Chin: o cansaço nosso de cada dia


Pensei, por esses dias, em escrever um livro: a difícil arte de ser empreendedor. Nada muito extenso ou aprofundado, poucas páginas – se possível, ilustradas com fotos de antes e depois – onde contaria minha recente experiência como colaboradora / quase empresária do ramo de alimentos.

No início do ano Riva decidiu abrir uma filial de um restaurante chinês: o Mister Chin. Claro que imaginei que isso alteraria nosso ritmo de vida, mas nada muito drástico... Ledo engano! O que parecia um divertido desafio empreendedor, cercado de conversas sobre a Lei da Atração e muita comida gostosa, não demorou em se transformar em horas e horas de puro cansaço, estresse e mau humor. É... Muito mau humor (até então desconhecido em tamanha proporção) apresentado a mim pelo Mr. Chin.

Inauguramos cedo demais, com muitos pontos pendentes, que resolvemos ao longo dos dias, à custa de muito transtorno e erros. Mesmo assim, o primeiro dia foi uma festa. Recebemos os amigos entre sorrisos e descartáveis cheios de yakisoba. Quando tudo acabou, vi que fazer parte daquilo não tinha nada de sonho.

Os poucos dias que tirei de folga da Câmara foram gastos ali dentro. Sim, gastos. Os mais desgastantes de que me recordo. Acordei, dormi, sonhei Mr. Chin. Não tive um segundo de sossego. Acabei antecipando a volta ao trabalho como repórter, e só após dois dias sendo Mack-jornalista senti retornar minha paz de espírito.

Nem sei quantas vezes me culpei por estar me sentindo assim em relação a um investimento de Riva. Não só financeiro, mas profissional, porque vi quantas vezes ele também esteve sem paciência e morto de cansado, mas ficava lá, bolando formas de otimizar o trabalho.

Mas a culpa logo foi esquecida diante da consciência, da percepção de minha verdade. Eu não sou aquilo! Não tenho vocação para cuidar de verduras na Ceasa, carnes, embalagens, compras diárias, fornecedores, cuidados com o preparo, pagamento de funcionários... Isso me deixa exausta, sem luz, uma morta-viva, ou melhor: uma viva-muito-morta!

Eu sou leveza, encontros breves, fechamento de jornal, tempo para ler, inspiração, novela, ações sociais, rua. Parece que nasci com isso entranhado, por isso meu trabalho nunca doeu, e sempre tive tempo para sorrir, cantar, sambar. Desde que o Mr. Chin abriu nunca mais escrevi, cantei, nem dancei sem sentir culpa por não estar lá trabalhando. Um trabalho que parece não ter fim!

Isso é que é dilema!

Não quero deixar Riva carregar esse fardo sozinho. Mas também não quero que isso roube uma das poucas coisas que conquistei nesses quase 30 anos: minha qualidade de vida.

Esse Carnaval não será de farras. Só de trabalho – mas consegui reservar o dia dos Amantes de Glória, porque ninguém é de ferro. Quando a Quarta-feira de Cinzas passar, minha rotina na Câmara volta ao normal e ainda não sei quanto tempo me sobrará para ser empreendedora.

Para quem tem na veia um sangue que borbulha, para os cheios de energia e idéias inovadoras, para quem adora acordar cedo, esse negócio de ser empresário é fantástico.

Para mim, aspirante à escritora, boêmia e sossegada, é pesado demais!

Pronto. O livro está feito. Habilite-se quem quiser.

3 comentários:

Leonardo Werneck disse...

Hehehe. Um dia escreverei um livro! é um grande sonho, nem de longe quero ser empresário, esse negócio de estresse não é comigo!! rs


beijos

Anônimo disse...

Quanto ao livro eu nao sei..mais que a comida é uma delicia isso é. O rolinho primavera entao nossa senhora o melhor q ja comi ate hj.

Mack disse...

Suzi, quer dizer que você é nossa cliente? Que ótimo!!!!
Desculpa não lembrar de você... Quando aparecer lá de novo, me procura, tá? É bom conhecer os rostos de quem passa por aqui.

Léo, meu velho, nem tente. Jornalista tem espírito pra essas coisas, não!

Beijos aos dois!