Estive pensando na mídia e no quanto ela é falsa demais para se deixar admirar. A gente precisa dela, a danada nos alimenta de informação e cultura, mas as doses não somos nós que escolhemos. Ela sai vomitando o assunto do momento e se a gente não tomar cuidado, acaba pensando que a vida real é aquilo que cabe dentro da TV.
Julho foi um mês especialmente interessante de ser avaliado. Pra começar, a violência. Durante mais de dois meses antes, a cidade maravilhosa que iria sediar o PAN, parecia viver uma guerra civil. A grande preocupação do governo e da polícia do Rio era garantir a segurança dos atletas, turistas e tudo mais. O pavor e a violência entravam em nossas casas pela televisão mesmo, bem na hora do jantar, todo santo dia!
Até que começou o PAN e, milagrosamente, nenhuma notícia sobre tiroteios entre traficantes e policiais no meio da rua foi divulgada durante o mês inteiro! O Rio virou uma terra feliz, comemorando a escolha do Cristo como uma das sete maravilhas do mundo, um lugar perfeito, com uma vila olímpica irretocável e humanos com dons de heróis se superando e fazendo seus paises se orgulharem. Nas favelas, nenhum tiro foi ouvido (pelo menos pela TV).
Quando o assunto medalha de ouro já estava se tornando cansativo, uma tragédia fez a imprensa salivar. O desastre com um avião da TAM voltou a dar o tom de crítica aos noticiários, e claro que a culpa era de Lula! E aí se vão mais dias e dias, entre investigações e medalhas, mas sem nenhuma vítima da guerra do tráfico.
Ontem, no jornal da noite, soube de mais novidades. Ao ouvirem os dados da caixa preta do avião, os deputados descobriram que o acidente não foi culpa de Lula, parece que o freio que fica na asa não funcionou. Caso encerrado. Na matéria seguinte, uma repórter se perguntava quantos teriam morrido durante o mês nas favelas cariocas. Os números ainda não foram divulgados pela polícia. Mas no avião da TAM morreram 199 e para quem quiser saber o quadro de medalhas do PAN, é só acessar a página da Globo, o Brasil ficou em terceiro lugar. Está tudo lá.
Acho que agora, as notícias nossas de cada dia voltam ao seu lugar.
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