10 julho, 2007

Bem vinda!


Já fazia uns dias, o espaço parecia menor. Maria tentava se mexer, empurrava as paredes flexíveis que a cercavam, mas não se sentia mais tão confortável. Na verdade, tudo andava muito repetitivo ultimamente, e ela já conhecia de cór aquele lugar. A mesma paisagem, as mesmas vozes conversando com ela de vez em quando. De onde viriam?

Lá em sua casa, apesar de sentir-se um pouco sozinha, Maria tinha tudo que precisava; comida abundante, sossego e aquele clima que ela adorava. Mas, com o passar do tempo, sentiu que não dava pra continuar ali. Ela queria mais.

Foi numa madrugada chuvosa que resolver arrumar as malas e ir embora. Êpa! Que malas? Maria não tinha sequer a roupa do corpo. Tudo bem... sairia nua mesmo, ninguém iria se importar. Acordou todo mundo em casa, mobilizou a família. Maria sabia o que queria, por isso fez tudo muito rápido. Veio ao mundo às 6h15 de uma nublada manhã de julho.

Quando saiu, pensou que essa idéia de aparecer nua talvez não tenha sido muito boa. Além daquele frio que nunca havia sentido, todos a olhavam admirados. A maioria estava sorrindo, mas um cara grandão do outro lado do vidro chorava sem parar. Mesmo sem entender nada, solidária, ela também chorou.

As roupas logo vieram. “Cor de rosa! Adorei!” Melhor assim. Agora estava tudo certo, bem do jeito que ela esperava. Maria pôde ver o rosto de todas aquelas vozes que conversavam com ela quando ainda morava na antiga casa de água. Pôde ver cores diferentes, sentir outras texturas. Esse mundo novo era muito melhor do que imaginava e já estava ansiosa para olhar tudo com muita atenção. Mas, só depois.

Agora, Maria queria mesmo era ficar por ali, naquele lugar fofinho que a colocaram e de onde ela podia olhar o tempo todo para o rosto emocionado da moça ao seu lado. Ela, a moça, ainda não havia dito uma palavra, mas a olhava como quem admira um balé de borboletas coloridas, como quem vê a mais rara das flores. Talvez por isso Maria sentisse por ela algo diferente, um sentimento estranho e grande demais para caber em seu pequeno coração, uma vozinha dizendo baixinho que aquela moça seria o grande amor da sua vida.

À Vanessa e Maria Júlia, com meus maiores desejos de felicidades eternas.

Um comentário:

Princess Deluxxe disse...

lindona, estou amando sua fase escritora. tanatas coisas da vida cotidiana q precisam ser imortalizadas, né? tantas sensação, tão importantes pra nós!, q precisam ser registradas.
benditos diários! benditos amigos com quem compartilhar!
chego por aí daqui dez dias
bjosssss