23 julho, 2007
Cara nova
Descobri como mexer nesse bendito blog.
Catuquei daqui
Fiz careta dali
E aqui está.
A Mack de hoje
Com muito vermelho e vida!
Pensativa
São tantos planos, tantos segredos, tantos sonhos, que às vezes fica difícil conversar, manter contato com quem está ao lado. Aí fico assim, meio calada, criando, vivendo minhas mentiras inúteis e inconseqüentes. Partes de meu mundo alternativo, mas que em tempos de ócio parecem tomar proporções maiores e acabam superando a realidade.
Tenho tantas crenças nas quais só eu acredito e se contar, vão me achar louca. Tenho umas idéias alucinadas sobre o futuro, mas só confesso muito bêbada, aos mais amigos – aqueles que não vão deixar de me amar por causa disso e ainda vão sorrir com tamanha criatividade. Tenho uma vida inteira para ser vivida do jeito que eu quiser, como sempre desejei, com um final feliz e a chance de refazer as cenas que não ficaram boas ou deixar outras durarem até que eu canse daquele momento.
Na vida real não é assim. Essa vida onde a gente leva chuva sem querer, despela de tanto tomar sol, sai atrasada para o trabalho, acorda cedo mesmo de ressaca e o esmalte descasca na primeira vez que lavamos um prato, não dá pra ser feliz o tempo inteiro... Na minha mente, tudo é possível!
Há uns dias ando do lado de lá do mundo. Um exercício tolo, típico de quem não tem nada melhor para fazer ou de quem não quer mesmo fazer nada além de descobrir até onde essa mulher escondida em mim seria capaz de ir. Ela é tão romântica que me assusta; tão esperançosa que me lembra uma criança, sem limites, sem medos, com força para qualquer empreitada, mas pouca capacidade de execução.
Nunca soube tão bem o que ser criança desde que deixei de ser uma. Meus segredos, sonhos e aventuras impossíveis estão todos por aqui! Ah! Deixa ficar...
18 julho, 2007
Pelo mundo
Eu me encanto com tudo
Tudo que muda todo dia
Tudo que me faz diferente
Eu me encanto com cada sorriso - que é único
Com os olhos dos desesperançados
E o som que rompe o silêncio da noite
Eu me encanto com as dobras no braço da criança
e as rugas no rosto do velho
Com o tom laranja no céu de fim de tarde
E o prateado do rio que se espreme entre a cidade
Eu me encanto com tudo
Tudo que se reinventa todo dia
Tudo que me transforma.
10 julho, 2007
Bem vinda!
Já fazia uns dias, o espaço parecia menor. Maria tentava se mexer, empurrava as paredes flexíveis que a cercavam, mas não se sentia mais tão confortável. Na verdade, tudo andava muito repetitivo ultimamente, e ela já conhecia de cór aquele lugar. A mesma paisagem, as mesmas vozes conversando com ela de vez
Lá em sua casa, apesar de sentir-se um pouco sozinha, Maria tinha tudo que precisava; comida abundante, sossego e aquele clima que ela adorava. Mas, com o passar do tempo, sentiu que não dava pra continuar ali. Ela queria mais.
Foi numa madrugada chuvosa que resolver arrumar as malas e ir embora. Êpa! Que malas? Maria não tinha sequer a roupa do corpo. Tudo bem... sairia nua mesmo, ninguém iria se importar. Acordou todo mundo em casa, mobilizou a família. Maria sabia o que queria, por isso fez tudo muito rápido. Veio ao mundo às 6h15 de uma nublada manhã de julho.
Quando saiu, pensou que essa idéia de aparecer nua talvez não tenha sido muito boa. Além daquele frio que nunca havia sentido, todos a olhavam admirados. A maioria estava sorrindo, mas um cara grandão do outro lado do vidro chorava sem parar. Mesmo sem entender nada, solidária, ela também chorou.
As roupas logo vieram. “Cor de rosa! Adorei!” Melhor assim. Agora estava tudo certo, bem do jeito que ela esperava. Maria pôde ver o rosto de todas aquelas vozes que conversavam com ela quando ainda morava na antiga casa de água. Pôde ver cores diferentes, sentir outras texturas. Esse mundo novo era muito melhor do que imaginava e já estava ansiosa para olhar tudo com muita atenção. Mas, só depois.
Agora, Maria queria mesmo era ficar por ali, naquele lugar fofinho que a colocaram e de onde ela podia olhar o tempo todo para o rosto emocionado da moça ao seu lado. Ela, a moça, ainda não havia dito uma palavra, mas a olhava como quem admira um balé de borboletas coloridas, como quem vê a mais rara das flores. Talvez por isso Maria sentisse por ela algo diferente, um sentimento estranho e grande demais para caber em seu pequeno coração, uma vozinha dizendo baixinho que aquela moça seria o grande amor da sua vida.
08 julho, 2007
Marília de Dirceu
Marília adora comédias românticas e tem pavor a sangue em qualquer aspecto, seja ao vivo ou pela TV. Ela treme com imagens mais fortes e tem pesadelos quando se impressiona com alguma cara feia.
Dirceu adora filmes de guerra e ação. Exatamente aqueles onde ela morre de sono quando a briga se estende por mais de dois minutos. “Tão cansativo...”. Mesmo assim, entram em acordo, e são capazes de passar horas se divertindo e se emocionando com as histórias que os outros contam.
Marília adora madrugadas. Para ela, essa é melhor hora pra tudo! Conversar, beber, pensar, escrever, amar... De dia é praticamente uma inútil. Antes das 9h, de tão descoordenada, é incapaz de formular uma frase inteligente ou de sequer encaixar uma chave na fechadura.
Dirceu costuma acordar cedo, mesmo quando não tem compromissos. O sol chega e lá está ele, todo disposto a fazer o dia começar. Em compensação, sempre antecipa o término das noites e costuma pegar no sono antes de Marília ensaiar seu primeiro bocejo.
Mesmo diante de algumas pequenas diferenças, é ao lado um do outro que se sentem felizes. Outro dia – enquanto Marília estava toda perfumada, fatalmente vestida com sua lingerie mais sexy, e Dirceu roncava ao seu lado sem nenhuma cerimônia – pensava que essa é mesmo a vida que escolheria entre qualquer outra opção. Era esse o retrato de fiel de um conto de fadas na cabeça dela: paz, estabilidade, tranqüilidade, carinho.
Lenine tocava no DVD, chovia muito desde a manhã e o mormaço a obrigava a manter uma fresta da janela aberta. O travesseiro já estava úmido, o sono não encontrava um cúmplice e dava espaços para as lembranças brincarem. Lembrou do tempo que ficaram separados. Ele entregou-se à bebida, às farras e às mulheres (nada mal...). Ela caiu nos braços da loucura. Dias e noites sem um norte, madrugadas de música, embriaguês e solidão (uma merda de vida).
Talvez ele não merecesse outra chance, mas Marília achou que merecia, e deu a si mesma o presente do perdão. Assim, perdoou não a ele, por haver mentido, mas a ela própria, por haver perdido a sanidade. Pediu também perdão a Deus por tanto ter se maltratado, mal dizido e odiado, por ter fraquejado como nunca. E, quando se sentiu forte o suficiente para largar as muletas, soube que nada que não viesse de Deus a derrubaria.
E desde o dia em que o ódio vestiu de novo a roupa cor de rosa do amor, tudo mudou pra melhor. E agora, passar um dia inteiro de chuva dentro de casa e ouvir Dirceu ressonar ao seu lado na cama à noite, é exatamente o que ela espera. Ele também fez novas escolhas. Deixou de dormir embalado pelo álcool, entre pernas diferentes a cada noite, e permitiu que apenas Marília evocasse seu sono fazendo cafuné e o velasse até que o dela chegue (nada mal...).
No final, todos querem “a sorte de um amor tranqüilo”.