26 abril, 2009

Nostálgica


Quando meu tio se foi, tudo mudou. É como se o castelo construído por minha avó há quase 60 anos tivesse desmoronado naquela manhã, e pior: sobre nossas cabeças. Ninguém sobreviveu ileso a sua partida.

Para mim, minha avó era o grande elo da nossa família, e qual não foi minha surpresa ao perceber que era ele, o filho pródigo, a maior ligação entre nós.

Junto com ele, se foram as tardes barulhentas; as confusões para saber que vai buscar a próxima cerveja; tantas gerações - pais, filhos, netos, primos e irmãos - se esbarrando na casa apertada, fazendo fila em frente ao fogão; a confortável falta de espaço que acalma qualquer alma. Tudo desapareceu.

Hoje, sequer nos vemos. Viramos pequenas famílias solitárias e silenciosas com cadeiras vazias ao redor da mesa. Lá em casa somos cinco, ansiosas pela chegada de novos ares, novos sorrisos que nos revigorem, carentes de barulho e emoção.

Por isso, participar de encontros entre famílias que ainda se abraçam, me deixa com um inevitável nó no peito. Tanto amor me apequena, e me joga nos braços de uma saudade gigante, das coisas que nunca mais hei de ter.

Um comentário:

Celle disse...

Aí que saudade danada daquela bagunça! É verdade que a gente nunca mais vai ter daquele jeito, mas, vem coisinha nova por aí...e isso não vai acabar.. eu prometo!
Xêros Te amo muito!!!