Minha cidade ferve como nunca
Transparece o calor em cada detalhe
No suor escorrendo das faces brilhantes
Nas camisas manchadas, no caminhar de cabeça baixa
No alvoroço dos corpos que procuram não se encontrar.
De dentro do caldeirão que é a minha cidade
Sinto a pele arder quando o sol bate
Em vão, brinco de prender a respiração
Na tentativa de não provar da fumaça preta que escapa dos ônibus
E retoco novamente a maquiagem derretida.
Ao meu lado, atletas magricelos correm entre os carros
E penduram doces nos retrovisores
Outros, cadeirantes, driblam o trânsito vendendo canetas a um real
E o canal presenteia os passantes com o cheiro do Recife
A cidade fervorosa, que brilha como nunca.
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