13 abril, 2007

Sobre tatuagens


Eu aconselho a todos.
É tão bom fazer!
Sentir a dor.
Entender que aquele é um momento nosso, quando escolhemos uma cicatriz.

Mas antes de tudo é preciso saber o que se está marcando. Porque isso vai representar um pedaço da nossa vida, como uma queda inesquecível, ou a marca de um ato heróico...

O primeiro passo é escolher um símbolo. Algo que a gente saiba que será nosso pra sempre.

Quando eu estiver velhinha - se é que comendo tanta porcaria eu vou conseguir ficar velhinha - vou ter orgulho de ter desenhado a flor que mora em meu pescoço, e de ter marcado meu pé com um pedaço de fé, e de tantas outras marquinhas que estão maturando na minha cabeça, só esperando o dia certo pra nascer.

Depois de ter certeza que achou o traço perfeito, é hora de encarar o desafio e, claro, a dor! Sim! Dói. Doeu MUITO no pé. MUITO. Mil vezes mais que a das costas (mas essa não conta, porque foi feita em circunstâncias atípicas de dor na alma)

No primeiro dia em que olhei para a feita de fé, e a vi toda avermelhada, como uma sombra no meu pé, fiquei me perguntando se havia feito a coisa certa. Não contei pra ninguém. Guardei a dúvida só pra mim. Esperei o dia acabar, o outro chegar, e olhei de novo. Ela é linda. Combina com meus sapatos. Combina comigo. Não errei!

É, de fato, um pouco estranho ficar com tanto acesso a um desenho no corpo. Então, recomendo que a primeira tatuagem seja feita em um lugar meio escondido dos olhos, e consecutivamente, da auto-crítica. Assim fica mais fácil de lidar com ela e não nos culpar tanto nos dias em que a gente quase se arrepende de ter se marcado tão profundamente.

Quase nunca vejo minha flor. Às vezes esqueço que ela está aqui, tão perto do meu juízo. Melhor assim... O felino vem por aí. O lugar ainda é segredo - até pra mim! Ele também ainda é um grande mistério. Tá só tomando forma, ganhando vida na minha vida. Quando estiver prontinho, vem ao mundo. Na hora certa. E essa hora, a gente sempre sabe qual é.

Para Maíra. Assim, quem sabe, ela não toma coragem!

De pé novo


Não sou o tipo de pessoa que consegue as coisas com facilidade. Isso não é uma reclamação, nem muito menos motivo de orgulho, é só uma constatação. Para mim, nada vem de graça!

Não tenho sorte no jogo (exceto nas poucas vezes em que bati no bingo dos Amantes de Glória). Não tenho grana sobrando. Não tenho estabilidade emocional ou familiar. Mas, no final das contas, acabo conseguindo tudo que quero. Claro, sempre à custa de muito esforço, trabalho e persistência.

Talvez tudo isso tenha me tornado essa pessoa insana. Tão crente, mas tão crente na força do Universo, ao ponto de acreditar que minha fé é capaz de transformar não só o meu destino, mas o de todo mundo ao meu redor.

Na minha concepção, tudo que acontece tem uma razão maior. Nada é por acaso. Não há coincidências, há planos! Um plano elaborado cuidadosamente antes mesmo de nascermos, e que vai determinar o que será necessário para nossa evolução aqui na Terra. Vai ver foi na hora de fechar esse "plano de vôo" que eu mesma pedi pra lutar MUITO antes de conquistar algo.

Que seja feita a vossa vontade!

Lembro quando quebrei o pé, há cinco meses. Ninguém entende como um pé vira sozinho dentro do mar, principalmente quando a maré está abaixo do joelho! Ninguém entende... Mas eu sei que eu tinha que ficar imóvel bem naquele dia! Se não tivesse quebrado o pé, algumas pessoas erradas teriam se aproximado e, certamente, eu não teria enxergado o valor de outras. Se pudesse caminhar, teria ido a lugares errados, teria errado mais que o costume! O destino fez o seu papel (diminuindo meu ritmo) e, nessa pisadinha, ultrapassei mais uma etapa.

Semana passada, venci outro obstáculo. Lutei até o último segundo para entender o porquê de estar sendo demitida. Além de precisar do emprego - porque não tinha nada em vista - também precisava fazer justiça! Rezei. Acreditei. E depois de fazer as malas e fechar a porta, alguma coisa aconteceu e ELES mudaram de idéia.

"A menina fica!"
"Mas, como?"
"Fica. E pronto!"

E aqui estou. Na mesma sala. No mesmo computador. Com os mesmos amados amigos. Com um Diário Oficial novo a cada dois dias. No mesmo lugar. Com a mesma fé. Ou melhor, com a fé ainda maior! Tão grande que precisou ficar registrada pra sempre no corpo... Fiz no pé direito - aquele que quebrou - e tô adorando olhar pra ela todo dia, me fortalecendo ainda mais.


E a vida?

A vida continua boa, passando tranqüila, a passos mansos e incessantes.

03 abril, 2007

Na rua

É verdade...
Escrevi palavas com sabor adocicado pra contar uma história que anda amargando meus dias e consumindo meus sonhos na última semana.

Fui demitida da Câmara.

Cargo político sem concurso é assim mesmo. Sabia que mais cedo ou mais tarde seria a hora de partir para outra. Só não esperava que fosse desse jeito. Torto. Injusto. Obscuro. Mas foi! E se foi, é hora de levantar a cabeça, comer muito chocolate até domingo e recomeçar um nova vida na segunda-feira.

Chorei bem menos do que gostaria. Não falei palavrão. Não dei um grito. O resultado disso é que somatizei a porcaria desse sentimento de perda e acabei ficando muito doente. Meu corpo inteiro dói. Os olhos ardem. A boca fica seca e leva um contínuo gosto amargo. A garganta arranha. O nariz entope. Melhor dizer que é gripe. "já já passa".

Soube da notícia na terça-feira passada, mas durante todos esses dias alguns vereadores e minha diretora (Germana) vêm tentando reverter a decisão tomada por apenas um. Sim! São 36 vereadores, um deles me demitiu e dizem que não podem fazer nada quanto a isso. Ah! E pasmem! Esse um não é o presidente da Casa! Interessante, não é?

Depois de tantas tentativas, percebi que por mais persistente que eu seja, não posso lutar contra algumas coisas. Ou melhor, posso até lutar, mas vencer é outra história... Estou indo agora rumo à última cartada. Consegui falar com ele para que o próprio me justifique, cara a cara, as razões da demissão. É provável que nada mude, mas uma super-brasileira não desiste nunca! E eu preciso dessa conversa pra trancar bem trancada a porta de minha passagem pela Câmara.

De antemão, comunico que estou à disposição do mercado de trabalho, e com muita certeza que o próximo emprego vai chegar mais rápido do que imagino...

P.S.: Na foto, Germana, Cata e eu, na minha despedida, sexta-feira.

Despedida


Entre linhas e vírgulas mal encaixadas em um Diário Oficial
Entre offs repetidos mil vezes, discursos gigantes e as lembranças de “lutas libertárias da cidade historicamente mais importante da América Latina
Entre a correria em busca de pautas e de fazer a coisa certa
Entre biscoitos de chocolate e segredos compartilhados.

Nossas histórias se acharam
E viraram sorrisos
E enxugaram lágrimas
Trocaram olhares cúmplices
Apoiaram quando não dava pra levar sozinho
E se completaram em abraços
Que só amigos de verdade sabem dar.

Foram assim meus dias aqui
Doces como o olhar de Sugahara
Agitados como a presença de
Catarina
E tão intensos quanto a de
Germana
Dias irretocáveis como o caráter de
Vivi
Sinceros como as palavras de seu Carlos
Leves como a vida que Léo leva
Tão marcantes quanto a brabeza de Ana Paula
E mais reais que a sem-vergonhice de Tonho.

Tudo aqui foi novidade e verdade
Descobri um mundo desconhecido
Amadureci
Tudo me fez mil vezes melhor,
Mais profissional, mais forte
E mais feliz.

Por isso valeu tanto.
Por isso até ir embora não pode ser ruim...
Aqui deixo algumas fotos e acho que alguns frutos
Comigo, levo uma saudade sem tamanho
E a certeza de que nada acabou.

Nos vemos pelo mundo...