29 novembro, 2006
Do meu jeito
Às vezes escrevo com sorrisos nos lábios
Outras, com lágrimas nos olhos.
Franzindo a testa
Levantando as sobrancelhas
Sorrindo sozinha
Com vontade de chorar
Tudo no mesmo dia
Numa harmonia de gestos e sentimentos que só eu sei
Mas não explico, só conto!
O jeito de escrever denuncia a tristeza, a solidão,
A esperança de fazer diferente, a alegria de me surpreender.
Tem minuto que a vida é boa
E no seguinte, já não tem mais tanta graça assim.
E é nesse passinho manso que andam meus escritos,
Com o mesmo ritmo do coração:
Instável, confuso, adolescente!
Nostálgica
Às vezes a saudade aperta...
Geralmente, quando a solidão vira a marca registrada do dia.
Meses e meses assim, sem ter com quem dividir histórias, compartilhar planos.
Tarefa difícil para quem nunca esteve sozinha por mais de uma semana.
Agora o silêncio é rotineiro.
A noite é companheira.
E as músicas promovem quase um diálogo.
Todos passam tanto tempo ao meu lado quanto os cadernos e as canetas.
Os olhos pequenos arregalam e apertam conferindo se alguém chegou.
Ninguém!
Não! Não é tão mau assim!
Me suportar sozinha também é me saber um pouco mais auto-suficiente, reflexiva, crítica e, principalmente, exigente com quem pode invadir o meu espaço.
A parte ruim é não ter para quem me dar...
Então vou guardando sorrisos, contos, carinhos, desejos e poemas.
Como quem guarda um presente raro à espera do dono.
Sinto saudade deste “dono”, cuja face, desconheço.
Dos afagos que não recebi, dos beijos que não lhe dei.
Sinto saudade dele e de tudo de bom que sou, quando não sou sozinha.
20 novembro, 2006
Sem escolha
Entre todas as cores do mundo, escolhi você.
Entre todas as combinações de verdes, amarelos, vermelhos e azuis.
Você foi o eleito!
A cor dos seus olhos, dos pêlos, da pele.
Exatamente você.
Entre todos que já cruzaram o meu caminho.
Desde o primeiro encontro até ontem.
Desde o primeiro olhar à mais recente despedida.
Desde o primeiro beijo à saudade que sinto dele.
Apenas você foi o escolhido.
E me escolheu, pra fazer de mim uma morada,
Um corpo que te carrega por onde vou, por todo o dia,
Do primeiro ao último pensamento.
Você está.
Um carinho infinito.
Uma espera paciente.
O olhar mais terno.
Meu melhor sorriso.
Tudo seu.
Tanto, tanto, que nem sei mais onde esconder.
E fica tudo estampado no rosto,
Marcado nos gestos,
Levando meus passos sempre na direção dos seus.
Entre tantos sentimentos, o maior me escolheu.
A soma da admiração com o afeto,
Da cumplicidade com o companheirismo,
Da amizade com a paixão,
Da paz com o desejo.
O amor!
Esse sentir que nunca foi feliz, por que nunca foi inteiro.
Um sentir que por ser meu - e não nosso - mais parece uma criança que pede colo.
Mas que também sabe ser batalhador, persistente, descarado, sem vergonha de se mostrar.
Um sentir raro e belo,
Mas cansado de ser tão sozinho...
16 novembro, 2006
Enquanto
10 novembro, 2006
Senta que lá vem história
Quinta-feira, primeiro dia do feriadão. 2 de novembro, 11horas.
Manhã muito quente (como vêm sendo todas esse mês). O sol começava a ferver o quarto e acordei. Tentei levantar, mas a cabeça ainda girava de tanta caipirosca ingerida na Toca da Joana, no dia anterior. Show de Bu Moraes e mais um (des)encontro nada romântico com o cachimblema. Sim, mas voltando à manhã de quinta, tentei de novo tirar a cabeça do travesseiro, lentamente. Talita acordou e ficou pentelhando pra gente ir logo porque as duas mães já estavam na praia nos esperando há horas!
Boa Viagem lotada. Dificuldade pra estacionar. Cadeiras todas ocupadas. Era quase uma da tarde quando conseguimos sentar na frente do Recife Palace pra jogar dominó. Nem pensei em tomar cerveja! "Traz uma água, moço!"
Era lua cheia e o mar sabia muito bem disso. "Tava virado", como diria minha avó. A maré estava enchendo e já havia carregado nossas sandálias umas cinco vezes. "Seguuuura!!!" Lá da minha cadeirinha, ficava olhando o povo se acabar debaixo d'água. Altos caldos. Todo mundo saia feito cachorro que acabou de levar um banho, sacudindo a cabeça, desorientado. "Melhor não entrar..."
Na areia, depois de ganhar três partidas de dominó, finalmente deitei pra descansar. Mas a prima de Talita começou a ter uma reação alérgica à água oxigenada que tinha acabado de pôr no corpo, e pediu para eu ir com ela até um chuveiro. "Preciso tirar logo isso!". Andamos um tempo e nada de chuveiro. "Melhor entrar na água. Eu te seguro. A gente agüenta", eu sugeri.
Gente!!!! A água não chegou nem no joelho e já começou a nos derrubar. Foi tanta da queda. Caí de queixo, de barriga, de bunda. Levantava e caía de novo, na mesma hora. Um desespero. "Vamos tentar sair!!!! Me segura!!!!" E quem disse que o mar deixava? Puxava a gente de volta pelas pernas. Foi aí que fui sugada. Parecia uma roupa de seda dentro da máquina de lavar em modo completo! Eu nem pisei no chão, mas senti muito bem quando o meu dedo do pé tocou na batata da perna. Dor do ca-ra-lho!!!!!
Assim que a onda baixou, falei pra prima de Talita. "Quebrei meu pé. Tenta me puxar daqui...". Que nada, ainda levei umas três arrancadas de Iemanjá. Até que consegui chamar um homem, que me carregou para a areia.
Depois disso, uma passada em casa para tirar os dois quilos de areia que estavam no biquíni e no cabelo, e logo segui rumo ao Esperança.
Diagnóstico: Tornozelo quebrado.
Tempo de castigo com gesso: dois meses.
Ontem voltei lá para uma reavaliação, morrendo de medo de entrar na faca. Mas o doutor reduziu o prazo do gesso para 45 dias e nem precisou colocar pino no meu pezinho. Espero estar nova antes do dia 8, para poder subir o Morro e agradecer a Nossa Senhora da Conceição pelo presente de um tornozelo quebrado.
Esse bendito pé tá doendo que só. Tem hora que vejo estrelas. Tô andando de muletas o dia inteiro. Uma dificuldade pra tudo, principalmente porque agora moro em um duplex, né? Mas eu sei que esse era o único jeito de reduzir o meu ritmo. Eu tava demais! Paquera demais, cada um mais alma sebosa que o outro (e eu deixando eles por perto). Cachaça demais! Chegando em casa às 5h da manhã, dia sim outro também! E ainda por cima, pensando que sofrer por ser traída era a pior coisa que poderia me acontecer.
Agora percebo que não é não! E só nessas situações extremas é que a gente enxerga com clareza as besteiras que andamos valorizando.
Então é isso. Pé quebrado. Muitos filmes locados todas as noites. Segunda temporada de Lost como grande companheira. Visita dos verdadeiros amigos (sim, porque os de farra vão esperar eu ficar boa para poder tomar uma). Trabalhando menos na Câmara. Saindo nada! Praticamente um retiro espiritual! E todo o resto no mesmo lugar de sempre...
Sem tirar, nem pôr.
08 novembro, 2006
Coisas do destino...
Essa semana fui forçada a pensar na força do acaso e em todos os elementos capazes de mudar nossa vida em fração de segundos.
Somos resultado de uma sucessão de “ses”, de cada escolha - por mais banal que ela seja - e também da combinação de cada passo dado com passos dos outros sete bilhões de habitantes da terra. A avaliação está matemática demais para uma jornalista, mas não dá pra ser diferente.
Hoje preciso divagar sobre a razão de estar aqui, de castigo em cima de uma cama por dois meses. Serão pelo menos 60 dias sem tocar tambor, pegar ônibus, correr da chuva, sambar na sexta-feira, usar o banheiro do primeiro andar da Toca, descer as escadas para atender ao telefone, lavar a sola do pé direito, tomar banho de mar, ir ao vucu, à auto-escola...
Ah! É coisa demais para abrir mão sem racionalizar um motivo para tudo isso acontecer justamente comigo, exatamente agora, precisamente no meu tornozelo!
Mas como calcular o acaso? Como controlar o destino? Como identificar uma coincidência? Certos acontecimentos estão além do controle humano, por mais atentos que estejamos aos sinais do Universo.
Feitiçaria, olho grande, destino, predestinação, falta de sorte, carma, acaso, coincidência, castigo, osso fraco, teimosia, lerdeza. Sei lá qual foi a razão! Só sei que não interpretei os sinais, e aqui estou!
Deve haver um motivo para eu estar naquele exato lugar quando a onda deu nó de marinheiro com meus dedos e minha canela. “Mas eu nunca vi ninguém quebrar o pé no mar!” É, talvez a probabilidade seja de uma em um milhão. A mesma de um raio cair dentro de um estádio de futebol lotado e atingir a cabeça do vendedor de flau (coitado). É de uma em um milhão, mas como vive repetindo Talita, “quando acontece com a gente é de 100%”.
Eu poderia ter acertado os números da Mega Sena, escolhido a cartela premiada do Pernambuco dá Sorte ou cruzado com Gianechini essa semana, enquanto ele curte a maior dor de cotovelo. Eu poderia ter feito um milhão de coisas no primeiro dia do meu feriadão. Inclusive viajado de moto mundo a fora, se meu novo ex-paquerinha não fosse tão relapso e desatento aos sinais.
Mas nããããão... Eu estava bem ali, no meio daquela onda! Pois é, acontecimentos estranhos são mais comuns do que imaginamos, e são eles que nos fazem refletir os detalhes irrelevantes da nossa vida.
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A verdade é que estou tratando isso como um desejo do Universo de reduzir o meu ritmo. Menos encontros com um cachimblema que vem tirando meu juízo, menos álcool consumido, menos possibilidades de pecar contra a carne... hehehehe E também uma chance de estudar coisas que deixei para traz desde que surtei, há três meses. Um tempo para mim, meus livros, minhas músicas, meus textos, minhas pinturas e, principalmente, para peneirar as pessoas que me amam. Vai ser importante ver quem vai ficar ao lado dessa aleijadinha no ano que vem, quando eu voltar a andar e sambar.
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Quer saber se eu estou p... da vida?
Claro que não! Tão mesmo é adorando ver minha coxa definida de tanto pular feito saci!
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