26 junho, 2006
Junina
São João deve até ter dormido esse fim de semana. Mas eu não! Não mesmo!
Dizem que funciona assim: ele precisa ficar dormindo, enquanto o povo todo comemora seu nascimento, acendendo fogueiras e soltando fogos. Se um dia ele acordar, o mundo acaba! Então é melhor nem arriscar, e torcer pra o barulho dos rojões, o chiado dos buscapés e a luz das estrelinhas não incomodar seu cochilo sagrado. Porque do jeito que a gente comemora, o santinho ia acordar assustado com a confusão, e teria todas as razões pra dar um fim ao mundo em plena festa de aniversário.
Brasileiro, fogoso do jeito que é, tinha que inventar alguma coisa pra aumentar a diversão e a semvergonhice da festa. Foi daí que surgiu o forró. Coisa do diabo! Um esfrega-esfrega, um suadeiro, boca no cangote, nó na perna, aperto na cintura! Virgem Maria! Sei nem porque está ligado a uma data santa. Eu nunca vou entender esses costumes sacro-profanos brasileiros, mas continuo aproveitando todos assim mesmo! Porque esses pecados coletivos deve ter menos peso na hora do juízo final, né?
E foi com esse espírito que saí do Recife rumo ao Sertão, na sexta-feira. Dessa vez, não levei as amigas de costume, nem fiz as farras sem limites dos anos passados. E entre algumas grandes ausências sentidas e outras presenças intensamente comemoradas, curti uma festa em família, mas feliz! Muito feliz! Como nunca pode deixar de ser quando se está em Arcoverde.
Coco Raízes. Poesia. Forró pé-de-serra. Amigos. Uma cana pra aquecer do frio e dar dor de cabeça. Festa na rua. Show de buscapés. Abraços. Sorrisos.
Agora acabou. São João pode até acordar. Ano que vem tem mais.
09 junho, 2006
A difícil arte.. de escolher - Parte II
Transitar pelas ruas da vida reconhecendo a hora de seguir em frente, ajustar a velocidade, respeitar os sinais e quebrar nas esquinas não é nada fácil. Mas todo mundo precisa fazer.
O negócio nem sempre dá certo. O pior é que além de nos cobrarmos por bons resultados no final de cada trecho, ainda esperamos que a escolha do outro satisfaça nossas expectativas. O problema é que o outro tem sua própria forma de fazê-las e, quando a gente vê, desencontrou.
Aí é que o caldo desanda, a gente se decepciona e pronto! Acabou-se o mundo! Pelo menos o nosso, até percebermos que tudo estava mesmo era escrito em algum plano de bordo invisível. Tudo: até aquela dor da impotência, por não entender como o outro pôde dobrar uma esquina deixando para trás alguém tão fantástico - e modesto - quanto nós.
E quando cansamos de esperá-lo voltar, vamos embora. Mas ir embora também foi uma escolha, que talvez ninguém nunca entenda.
Isso deveria ser ensinado na escola...
08 junho, 2006
A difícil arte... de escolher
A vida é assim. Feita de escolhas.
Colorido ou preto e branco
Analógico ou digital
Água ou vinho
Ser hippie ou capitalista
Destro ou canhoto
Ateu ou cristão
Dormir até mais tarde ou chegar cedo na praia
Fazer farra pela madrugada ou fazer amor
Adormecer nos braços da paz
Ou viver o êxtase de uma noite de samba
Às vezes seria bom ter os dois!
Às vezes até podemos ter...
Mas hoje eu escolhi.
Entre abraçar o mundo e ser abraçada
Escolhi o mais seguro.
Mil vezes pedi a Deus “a sorte de um amor tranqüilo”.
Recebi.
Aqui estou.
03 junho, 2006
Madrugada
No meio da noite, um suspiro de alegria
um sorriso quase irônico, mudando a face que já nem se reconhecia.
No meio da noite, um braço inesperado
velho conhecido, me enlaça e me faz dormir em paz.
No meio da noite, segurança
a paz rondando meus sonhos, dizendo que não me abandonou.
Também comigo, o medo do sol nascer
e ser obrigada a despertar e me redescobrir: sozinha.
Amanhã nada vai mudar.
Não terei um cúmplice, um amor, um ombro.
Amanhã tudo volta a seu lugar.
Inclusive eu.
Madura pra brincar de ser moderna
mas não o suficiente pra ser feliz sozinha, no meio da próxima noite.
02 junho, 2006
Só por enquanto
Deliberei sofrer.
Minha tendência a "Pollyana moça" não me permitiu fazer isso por quase três décadas.
Agora escancarei.
Resolvi maturar um pouquinho minha dor.
Pagar pra ver até onde ela me leva,
ou se não vai aguentar viva dentro de mim por muito tempo.
Mas não sofro por amor, e sim pela falta dele.
Sofro ao lembrar da menina do blog cor de rosa que habitava aqui antes dessa mulher em preto e branco tomar seu lugar.
Sofro pela falta de sonhos, de planos.
Pelos foras provocados.
Pelos danos irreparáveis.
Pelos caminhos sem volta.
Sofro ao me flagrar fazendo ou dizendo coisas que a menina cor de rosa não faria ou diria.
Sofro por não ser mais "Pollyana", por não ser rosa,
por ser uma nova mulher, que ainda não sabe o que quer da vida.
E enquanto não se acha, vai sofrendo.
Dizem que assim é que se aprende.
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