06 abril, 2006

Possuída

Todo dia um desafio: esconder meus demônios em um lugar diferente
Longe de minha vista ou distante de meus desejos
Pra não me deliciar com pecados, nem morrer por eles.

Demônios que mandam eu pular da varanda
Que me fazem temer o poder de uma criança na rua
Que jogam meus restos na mesma rua

Demônios que dão preguiça e confortam no ócio
Que pedem mais uma dose, mais um trago
Demônios fortalecidos em alucinações e angústias

Demônios que maltratam meus desafetos
Demônios que gritam na minha cabeça
E não me deixam dormir até tarde, nem lembrar dos meus sonhos.

Demônios que assassinam anjos
Apagam a luz das risadas
Empestam a mente de vermes e traças

Perseguem, corroem.
Fazem pensar ser partes sujas de mim
E que meu poder de amar é finito; mas o de tudo poder, não.

Mentirosos, insolentes, traiçoeiros, traidores
Vingativos, rancorosos, temidos e temerosos
Fingem ser eu nas horas que esqueço quem sou

Demônios projetados, esperados
Prontos pra me receber e me dominar
Demônios combatidos todo dia.
Demônios vencidos, pelo menos hoje.

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