Ninguém sabe a hora da viagem, a data da partida, o derradeiro dia.
Em que momento chega o trem rumo à nova estação?
Qual será o som do navio escolhido para nós?
Enxergo assim o que chamam de fim, como um novo porto distante e invisível, inatingível para quem fica, um porto de mistério.
Todos iremos. Sim! Essa é a única verdade.
A vida é um caminho sem volta e, no fim, lá está ela: a morte – a pior das palavras – esperando por todos.
Mas quando?
Em que momento chega o trem rumo à nova estação?
Qual será o som do navio escolhido para nós?
Enxergo assim o que chamam de fim, como um novo porto distante e invisível, inatingível para quem fica, um porto de mistério.
Todos iremos. Sim! Essa é a única verdade.
A vida é um caminho sem volta e, no fim, lá está ela: a morte – a pior das palavras – esperando por todos.
Mas quando?
Na velhice, cada amanhecer é uma contagem regressiva, cada anoitecer, uma vitória.
O corpo resiste ao tempo e adia a despedida, mas quando ela acontece era esperada: “Viveu muito”, nos consolamos para afastar a saudade.
A vida continua, para nós e para quem fica, só que em outras águas, distantes...
Como é terrível aceitar a viagem.
Passamos a vida construindo nosso bloco: família, amigos, lugares, hábitos.
A idéia é levá-los para sempre, fortalecer a alma.
Aí chega a hora – e nós nem sabíamos – quando vemos, alguém partiu.
Quebrou o bloco, deixou espaços vazios, nos obriga a fazer tudo de novo (mas pessoas não se substituem!)
Chato. Chato mesmo esse negócio de viagem.
Desgastante. Incômodo.
Ao menos se soubéssemos o dia, não deixaríamos para depois as declarações, os abraços, a busca de um horário na agenda para cuidar do outro.
Organizaríamos a vida antes de seu fim.
Acho que não envelheço, não vou muito longe...
Sempre quis ser a primeira a sair do bloco só para não sentir a dor de vê-lo desmontar.
Começo a acreditar que não vai ser possível.
Pedaços do meu todo estão frágeis e sofro antecipando a saudade.
Tenho medo de errar com meus amores e não ter tempo de consertar.
Quero cancelar agora, e em definitivo, todos os vôos para o além e ficar aqui cuidando do meu bloco, do jeitinho que ele está.
E pra sempre.
8 comentários:
Que coisa mais linda, Mackinha! Fiquei emocionada mesmo com o texto!
Mas não fica sofrendo de véspera não, tá? Tú ainda tem "muitos sambas" pela frente, amiga!
Bjs
Cata
Cuida do teu bloco com carinho, Mack. É só o que nos cabe.
Beijo.
"Toda dor vem do desejo de não sentirmos dor".
Eu também quero que tu fique aqui comigo, porque sozinha acho que não vou aguentar...
Te amo muito e pra sempre!
Ahh, eu queria ser o último do bloco... sou as vezes egoísta, mas não suporto que chorem por mim, se é que chorariam...
* Cata, só quero saúde pra sambar por anos.
* Dante, tô até tentando cuidar... mas tem hora que dou uns vacilos, aí a consciência pesa. No final, a gente sempre vai achar que poderia ter feito mais.
*Celle, claro que tu guenta TUUUDDOOOO... HEHEHEH
*Léo, deixe de suas besteiras. Já tens crias e elas, certamente, vão sentir sua falta.
beijos em todos!
Mack, que lindo!
eu só acho que mesmo quando a gente sai do bloco, deste núcleo indestrutível de amor, sai somente este corpo que envelhece. E não estou falando em espiritualidade, embora acredite nela. Falo que ficamos tatuados, entranhados, encruados nas pessoas que amamos.
e esta talvez seja somente uma consolação.
te amo, amiga
e vc já está entranhada em mim.
beijo
amiga...
qdo a gente ama muito, aprender a enganar o tempo...
":)
Infelizmente a partida chega para todos e o que mais temo não é ir, mas vê-los partir, os que amo.
Lindo texto!
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