06 fevereiro, 2007

Mas é Carnaval... que alegria!


Foi no dia 9 de fevereiro de 1907 que, pela primeira vez, o ritmo contagiante que marcava o Carnaval do Recife ganhou nome: FREVO, porque fazia ferver a multidão nas ruas.

E apesar de a palavra comemorar 100 anos, está longe de ser considerada antiga. Ao contrário, ela renova-se a cada Carnaval, enquanto arrasta os foliões pelas ruas, trocando passos ao som do ritmo que esquenta os pés e o corpo.

É só chegar fevereiro e as cores tomam conta do Recife para esperar por mais uma festa inesquecível. E não há como não ser! Costumo dizer que Carnaval, até quando é ruim, é bom! Espero por ele o ano inteiro, é a chance de ser quem eu quiser, de realizar todos os sonhos, de desconhecer os limites, de amar o mundo, de poder não dar satisfação e ainda estar tudo bem. Porque é Carnaval!

Eu vivo o frevo. A orquestra de metal, a de pau e corda. Sigo e me esqueço. Sigo levada pela multidão e carregando minha alegria. Como fada, arqueira, colombina, espanhola, vilã ou heroína. Vivo a sede de mais um frevo, de mais um passo, de mais um gole, de mais um beijo.

Vivo o encanto dos olhares infantis, de fantasias que viram verdade por um dia. Vivo o aperto das ruas de Olinda, o sol na cabeça, a roupa ensopada, a decoração do Recife Antigo, a curiosidade por trás de uma máscara.

Vivo a rapidez de uma festa que tem quatro dias (ou cinco) pra ser o que quiser, mas não se contenta em terminar na Quarta-feira de Cinzas. Ela nos acompanha o resto do ano, em cada lembrança, cada novo amigo, cada reencontro, nas magias que só acontecem no Carnaval.

Não sei frevar, mas pulo, sacudo os pés sem parar, do jeito que a música mandar. Sábado uma menina me abordou no meio da prévia dos Amantes e disse: “Menina, tu freva muito!”. Eu estava bêbada, mas não pude esquecer o comentário. Apenas sorri, dei um cheiro nela - que levou um gole da minha vodka - e saí “frevando”. Coisa boa!

Então vi que frevar é mais que ser um passista de sombrinha. E é por isso que ele virou a marca do Recife. Porque não tem regra, mas tem alma. Igualzinho a todo mundo nessa cidade: incansável, criativo, sonhador.

Nos outros dias sou Mack, jornalista, romântica, chocólatra, faladeira. Mas em fevereiro não tenho nome. Sou Lily, Joana, Conxita, sou a Glória e sua Amante. Tenho a alma de mulheres sem pudores, que respiram música e euforia, e deixam sua marca por onde passam.

Por isso, nem adianta chamar! Mas, se quiser, pode me seguir. E nesse caminho criar histórias, deixar lembranças, tornar realidade a fantasia de mais um Carnaval. Porque pra descobrir o segredo de completar 100 anos com tanta vida, é preciso viver!


Nos vemos pelo mundo!

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