01 agosto, 2006

A vida é um pneu furado



Como todos sabem: capotei!

Não foi só naquela noite na estrada, por causa de uma “tartaruguinha” furadora de pneus. Capotei minhas férias inteiras! A cada dia, a cada instante.

Um mês inteiro me debatendo contra a vida, sacudindo o corpo, desorientada, com a vista turva - porque o óculos voou longe no primeiro sacolejo. Com os pés descalços, sem saber onde guardar a bagagem, nem onde me abrigar pra seguir a viagem.

Primeiro, ouvi aquele som estranho, sinal de que alguma coisa não está indo bem. Depois, foi tudo muito rápido, só vi o mundo todo girando e a sensação de não haver mais nada que eu pudesse fazer para mudar meu destino ou pelo menos o final daquele acidente de percurso. Estava tudo acabado! Ribanceira abaixo, parei. Tonta, cega, trêmula, nervosa, com medo do escuro, mas sem nenhum receio de ir em frente.

Sim. Capotei todos os dias. Mas, diferente daquele carro, eu estava sozinha, e até gritei. Ninguém ouviu.

Agora passou. Sem dores no corpo, com as últimas marcas desaparecendo, me preparo pra outra viagem. Tem outro dia vindo por aí.

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