14 julho, 2009

Meu diário


Onde está aquela menina?
Se reinventou, escreveu novas histórias.
Se perdeu no tempo.

Não quer mais rendas, nem colecionar figurinhas.
Não coleciona mais nada além das lembranças.
Não tem medo de ficar sozinha. E até gosta da idéia.
A menina se foi.

Nos diários antigos, não reconhece nada, nem a letra – redonda, racional.
Tanta insegurança, tantas pequenices esquecidas numa folha velha cheirando a mofo.
Resolveu guarda-la só por segurança.
Com receio de ir tão longe ao ponto de perder a si mesma.

É preciso lembrar.
A menina passou por ali.
Aquela que morreria de velhice aos 30 anos.
Que iria casar com o primeiro amor.
Que seria veterinária e teria duas filhas.
Que teria empregada, por não saber cozinhar.

Dela ficaram os hábitos de observar, pensar, escrever.
A quietude não mudou.
E assim, quieta, como quem passeia, ela caminhou para longe...
Para onde vai a menina?